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Ginecomastia: Problema antigo, novos esclarecimentos.
Em edições anteriores já pudemos tecer considerações sobre esta patologia que aflige muitos adolescentes na idade de início do pico de testosterona, e muitos homens já na idade adulta que se depara com um problema que às vezes acaba em cirurgia; vamos então tentar discorrer novamente com algumas elucidações atualizadas, pois tenho notado, no contato com alunos dos cursos que ministro na NABBA Brasil e no CECAFI-USP, que muitas dúvidas e conceitos errados fazem parte do cotidiano de pessoas que estão ligadas ao esporte em geral, no que diz respeito ao tema de hoje, que é ginecomastia.
Definindo o que é ginecomastia Designa-se com o termo ginecomastia o crescimento de mamas de aspecto feminizado em indivíduos do sexo masculino, à custa de componentes glandulares, diferente portanto da deposição de gordura nas regiões mamárias, muito comum em indivíduos obesos.
São muito variáveis os graus de crescimento, indo desde um pequeno disco de tecido mamário pouco visível, central e areolar (restrito ao mamilo), até a proporção de mamas femininas normais nas adolescentes.
A ginecomastia pode ocorrer uni ou bilateralmente, sendo muitas vezes dolorosa e incômoda, chegando a ocorrer eliminação de secreção.
Ao estudo microscópico observa-se aumento e proliferação de ductos, aumento do estroma, caracterizando que é realmente crescimento de tecido glandular mamário; porém, não ocorre aumento de alvéolos, e observa-se também infiltração de tecido gorduroso com proliferação de células redondas em torno dos ductos.
A causa desse desenvolvimento deve-se, com certeza, a uma desproporção adequada entre os níveis de estrógeno (hormônio feminino) e testosterona (hormônio masculino), e esse desequilíbrio pode ser desencadeado por várias situações.
Logo após o nascimento, os bebês tanto do sexo feminino como masculino podem apresentar ingurgitamento de suas pequenas glândulas mamárias, de maneira transitória, por sensibilização decorrente da passagem dos altos níveis de estrógeno do sangue materno por via placentária; folclórico é o nome que os antigos dão a esses episódios ( “leite de bruxa” ), e pior ainda é a infeliz ideia de que o pequeno caroço deve ser espremido !
Dois terços dos meninos na puberdade também passam por processos de intensidade variável de ginecomastia, desconfortante e constrangedor, pois ainda se fazem gozações atribuindo a causa à masturbação, que nada tem a ver com isso. Nestes casos, não é difícil de entender o
processo. Em primeiro lugar, é necessário falar sobre uma enzima chamada aromatase; essa enzima, presente nos homens, transforma androgênios (hormônios masculinos) em estrogênios (hormônios femininos), e a esse processo dá-se o nome de aromatização. Quando o menino, até então impúbere, começa a aumentar a produção de testosterona, parte dela é aromatizada (transformada em estrógeno pela enzima aromatase) e o estrógeno resultante age nos receptores estrogênicos das mamas. Felizmente, noventa por cento dos casos regride naturalmente, mas dez por cento evolui para tratamento cirúrgico. Parece que nesses casos resistentes ocorre uma repetição familiar, sugerindo hereditariedade dessa tendência.
Em homens adultos, a etiologia principal seria um hiperestrogenismo crônico, talvez com sinergismo de um ou mais hormônios da hipófise anterior, como por exemplo, hormônio de crescimento.
Algumas doenças que condicionam elevação dos níveis estrogênicos podem, portanto causar ginecomastia; na verdade, seria um desequilíbrio na proporção estrógeno/testosterona. Vale a pena citar essas doenças, de maneira ilustrativa: hipertireoidismo, hiperplasia e tumores do córtex das glândulas suprarrenais, diabetes, adenomas da hipófise, tumores de testículos, atrofia de testículos, cirrose hepática e carcinoma pulmonar, entre outras doenças. Essas doenças, por mecanismos variáveis, podem elevar os níveis de estrógeno, levando à ginecomastia.
O termo iatrogênico designa efeitos colaterais ou até mesmo doenças provocadas pelo uso de drogas ou medicamentos.
Algumas drogas ou medicamentos podem levar à ginecomastia, como por exemplo, maconha, espironolactona (um diurético), digitálicos (medicamento para coração), reserpina (medicamento para hipertensão arterial), estrógenos e progesterona (os travestis tomam para ficarem com mamas femininas, além, é claro, do silicone), gonadotrofinas, testosterona e esteróides anabolizantes aromatizáveis.
Esteróides anabolizantes androgênicos e ginecomastia
Bem, talvez esta seja a parte mais esperada pelos leitores que têm dúvidas sobre o assunto, ou que foram informados de maneira errônea, quer seja no boca a boca do cotidiano, quer seja pela Internet, onde há pelo menos 50.000 sites “ensinando” ciclos de anabolizantes e até serviço de “disque-bomba com delivery” (gostaria que os falsos heróis que tentam fazer auto promoção como moralizadores e combatentes do doping olhassem para isso com os olhos dos que querem verdadeiramente enxergar e fazer algo de útil; hoje em dia qualquer um compra qualquer droga sem receita).
Como foi dito anteriormente, testosterona e derivados podem provocar ginecomastia, pela aromatização que leva à conversão em estrógenos; o desbalanceamento hormonal resultante age nos receptores das mamas, feminilizando-as.
O mais prudente seria buscar drogas que fossem bastante anabólicas e pouco androgênicas, pouco tóxicas ao fígado e não aromatizáveis, porém poucas drogas reúnem estas qualidades. Quanto mais próximas da testosterona, mais aromatizáveis serão; os ésteres da testosterona, como por exemplo, enantato, cipionato, propionato, a testosterona cristalina ou “aquosa”, nomes comerciais como Deposteron, Durateston, Testex, Testoviron, a oximetolona (Hemogenin) que também pode até causar câncer de fígado, enfim todas estas drogas citadas facilmente provocam ginecomastia. Já outras drogas, como por exemplo, o Proviron, não são aromatizáveis, sendo até úteis para tratar e corrigir a desproporção estrógeno/andrógeno; algumas, como por exemplo o Stanozolol (Winstrol, Stromba, Stanol, Stanazol, Winstrol-V) são muito pouco aromatizáveis, porém como as falsificações inundam o mercado, temos visto casos de ginecomastia em pacientes que disseram ter usado só Winstrol (provavelmente falsificação contendo testosterona).
Algumas outras drogas farmacológicas costumam ser utilizadas em conjunto com os ciclos de esteróides anabolizantes androgênicos, e vamos aqui citar algumas, para que servem ou como realmente agem: Tamoxifeno (Nolvadex, Tecnotax), que é uma droga cuja finalidade é bloquear os receptores estrogênicos das mamas, utilizada inicialmente para tratamento e prevenção do câncer de mama; é comum a informação errônea que o Nolvadex age como anti-aromatização;
Arimidex (Anastrozol), este sim um inibidor da aromatase;
Aminoglutetimide (Orimeten), medicação para carcinoma metastatizante de mama, com efeitos colaterais vários, às vezes graves.
Gostaria de lembrar que as informações foram citadas superficialmente, para ilustrar que o assunto é complexo, e os “sabe-tudo” de plantão às vezes sabem muito pouco ou sabem errado; que o uso indiscriminado de esteroides anabolizantes androgênicos cresce dia a dia e bem longe dos médicos; que as complicações e resultados desastrosos certamente irão crescer e há poucos médicos que tenham intimidade com o problema para serem aptos em tratar esses pacientes; que ser contra, como eu também sou, é às vezes uma confortável posição politicamente correta, mas não implica que por ser contra o médico não precise estudar o assunto; que se envolver com usuários de anabolizantes é problemático, gasta tempo extra em consultas longas, não gera lucros financeiros, mas para quem exerce a profissão com amor, dá o sentimento do dever cumprido, da doação e do uso do conhecimento médico para atenuar ou pelo menos diminuir graves problemas, mas expõe ao risco de ser mal interpretado ou até intencionalmente deturpado por vários interesses realmente distantes da promoção da saúde e da integridade ética.
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Contact: Kristin Francini EMBARGOED until March 3rd at 12:01 am Longer Work Days Leave Americans Nodding Off On the Job Sleepy Americans Doze Off At Work, In the Car and On Their Spouses WASHINGTON, March 3, 2008 — Prolonged work days that often extend late into the night may cause Americans to fall asleep or feel sleepy at work, drive drowsy and lose interest